Roger, o herói. Foto Gazeta Press / ESPN.com.br |
Era uma quarta-feira, mais precisamente no dia 6 de junho de 2007. As
vantagens históricas que o torcedor avaiano estava acostumado a
utilizar nas eternas discussões com os rivais tricolores do Estreito
estavam se esvaindo: já não tínhamos um maior número de vitórias nos
clássicos, o rival estava completando seis anos consecutivos na Série A
enquanto lutávamos para permanecer na Série B e até o orgulho de ser o
mais vezes campeão do Campeonato Catarinense, o Figueirense havia nos
superado no ano anterior. Para o torcedor avaiano, só restava um
argumento, o último fio de orgulho para se sobressair ao co-irmão: o
título nacional conquistado em 1998, quando vencemos o Campeonato
Brasileiro da Série C.
E naquela noite de 2007, em um estádio Orlando Scarpelli
abarrotado, o Figueirense enfrentava o Fluminense pela final da Copa do
Brasil, com a vantagem do empate. Em caso de êxito, o time do Estreito
poderia enterrar de vez a última chama de orgulho azurra em
Florianópolis. E pelo futebol apresentado na competição até aquele
momento, não havia uma viva alma no mundo capaz de apostar suas fichas
no Fluminense. O time de Florianópolis era o grande favorito.
Confiança do time da casa antes do jogo. Foto: Site oficial do Fluminense |
A cada fase da competição que o nosso arqui-rival avançava, era uma
noite de insônia. A cada êxito deles, o título se tornava cada vez mais
real. E naquela quarta-feira de 2007, meu nervosismo não poderia mais
ser disfarçado: para me distrair, convidei minha namorada (hoje, minha
esposa) para ir à um restaurante. Lá, um dos garçons, amigo nosso e
avaiano roxo, me falou: "Fica tranquilo! Eles vão entregar hoje!". E eu falei: "Tomara, meu amigo!".
Tão logo o jogo começou, paguei a conta e fui embora. Assim que virei a
primeira esquina, escutei uma narração de gol! Levantei a cabeça e
percebi que em uma casa, havia um telão sendo projetado em uma parede
onde ocorria um churrasco com torcedores tricolores do Estreito. E no
telão, um cara com a camisa do Fluminense comemorava seu gol. Era Roger, a lenda.
Após aquele momento, com o rádio do carro desligado e o coração
na boca, andei em círculos pela cidade de Florianópolis por uma hora,
para matar tempo. Cada estouro que escutava nos céus, me gelava a
espinha. Ao chegar em casa, meu pai falou: "Fábio, acabou o jogo! 1x0!".
Sem acreditar, perguntei novamente o placar, perguntei se esse "um" era
do Fluminense mesmo e pedi para confirmar de uma vez por todas se desta
forma o Figueirense não era o campeão e sim o time carioca. A resposta
foi "Sim!".
Outdoor da Mancha Azul em homenagem ao campeão |
Naquela noite, dormi por volta das 5 horas da madrugada, tamanha a
adrenalina. Sentimento parecido com esse, só tive após o acesso à Série A
em 2008 contra o Brasiliense, após a virada por 3x2 contra o Santos de
Neymar que nos garantiu na Série A de 2010 e quando vencemos o
Catarinense 2012 em pleno Scarpelli.
Sim amigos. Por isso que digo e repito: clássico em Santa Catarina, só tem um.
Via ESPNFC
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