Apesar da minha pouca idade, os anos que tenho de experiência no mundo do futebol despertou-me a vontade de escrever sobre aspectos da violência praticada contra atletas de futebol. Vários são os fatores que resultam na violência física ou simbólica contra e entre atletas. A violência, às vezes, inicia-se nos programas de rádio e televisão, quando apresentadores extrapolam o limite da opinião para a marcação cerrada, o “pegar no pé” de jogadores. Isso dá ibope entre a massa, mas produz violência. Nesse momento, as torcidas organizadas com facilidade seguem a onda da mídia, deixam de fazer a correta pressão sobre os jogadores e passam para a violência física ou agem restringindo a liberdade dos atletas nos lugares públicos.
O pior passa acontecer quando a violência é praticada entre os próprios atletas, dentro de campo. O futebol é um esporte de contato e até mesmo a própria falta tem um lugar legítimo. Então, há sempre um limite que precisa e deve ser respeitado. Sem esse respeito, a bola deixa de ser o mais importante e o corpo passa a ser a mira. Assim, regredimos da civilização para a brutalidade. Essa prática, às vezes, inicia-se aonde não poderia começar.
No meio futebolístico, corre nos bastidores que alguns treinadores, diretores e presidentes de alguns times exigem dos atletas o uso da força excessiva, sugerindo atitudes, tais como: “dá uma chegada pra intimidar os adversários”, “vamos tirar o principal jogador do time adversário do jogo que, assim , o nosso time vai ter vantagem”. Se o jogador não fizer esse tipo de situação é considerado um jogador medroso, “pipoqueiro”… Nessa hora, não lembram que a retirada de um atleta dos jogos por violência, além dos prejuízos profissionais, gera uma dor moral e emocional profunda, incalculável, impagável. Esse tipo de coisa é exceção. A maioria dos clubes e treinadores, entre os quais o que fui formado e o que estou atuando, educa e exige o respeito esportivo.
Nessa linha da educação futebolística e profissional, o atleta de nível coloca sua força física a serviço do seu talento futebolístico. Um atleta não precisa mostrar em campo sua força bruta e sim o seu talento, o raciocínio rápido, a tomada inteligente de decisão, suas qualidades, sua ginga e malandragem saudável. A violência é, dessa forma, evitada não apenas por causa das punições, mas como uma conscientização em vista da realização de um futebol no nível que os bons apreciadores merecem e é prazeroso jogar. As disputas alegres e as lindas jogadas tornam o nosso futebol brasileiro uma espécie de arte da alegria e da realização humana.
Em nome do bom futebol, faz-se necessário a aplicação rigorosa, pelos árbitros e órgãos de justiça desportiva, dos critérios, das normas e das punições, visando evitar exemplarmente a violência entre jogadores. Desse modo, incentiva-se, e essa é nossa pretensão aqui , a paz entre os jogadores dentro dos campos e almeja-se que essa mesma paz contagie os torcedores para que o futebol possa ser admirado pelo talento dos jogadores, pelo jogo de nível e resulte na festa da torcida, nas suas diversas idades e gerações.
Héracles Paiva Aguiar
Atleta de Futebol do Clube Atlético Paranaense/Avaí Futebol Clube
1 comentários:
Sábias palavras,pena que no Brasil as leis são frouxas,incentivo para delitos e o esporte não fica fora disso, se não, aquele delinquente ficaria fora dos gramados até o dia em que Héracles voltasse assinar a súmula.Força garoto até breve.
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