Avaí Futebol Clube: 5 luxos e um lixo (por Maria Luiza Gil)

LUXOS
O primeiro e maior de todos: Nós, torcedores
Apesar de dizerem o contrário, em discussões mesquinhas entre rivais, a nossa torcida é considerada a maior torcida de Santa Catarina.
Para cessar de uma vez a discussão, basta apresentar números: em outubro de 2007 a Revista Placar fez uma pesquisa nas ruas das capitais do país que apontava o Avaí na frente de todos os times catarinenses, com 19,2% da preferência dos torcedores; este ano, o Jornal Notícias do Dia em parceria com o IBOPE Inteligência, realizou a pesquisa IMPAR (Índices de Marcas de Preferência e Afinidade Regional), em SC, no quesito Esportes, o leão foi apontado como o clube de maior torcida, obtendo 15% dos votos.
Não contente em ser a maior, ela também é a mais fanática (vide as mobilizações feitas em qualquer situação que o Avaí enfrente, vide os perrengues a que toda semana os avaianos se submetem para apoiar o time, vide as invasões nos estádios adversários, vide as campanhas encabeçadas, organizadas, financiadas e executadas pelos próprios torcedores...). Não é a toa que o Avaí eternizou a camisa 12, e não foi por qualquer craque, foi para nós, os melhores e mais baratos jogadores desse time.
O segundo, o orgulho dessa nação: sua história
Não é preciso repetir aqui a biografia do nosso clube. Avaiano que é avaiano sabe de cor e salteado, ou então dá uma disfarçada e pesquisa na internet.
Desde Amadeu Horn até a era Zunino, nossa história é marcada por conquistas sucessivas, que nos trouxeram onde estamos hoje.
Cada jogador, treinador, funcionário que passou pela Ressacada assentou um tijolinho, e pouco a pouco, construímos uma marca sólida, uma história que pode ser remexida até as últimas, que não contem deméritos, ajudinhas, empurrõezinhos. Tudo o que o Avaí conquistou – e não foi pouco – foi na base do trabalho, e pode até ter demorado mais, mas nos dá pra sempre uma réplica segura. Sem chances de tréplicas que nos deixem sem resposta – esse papel, deixamos pro nosso irmão multicolor.
O terceiro, a característica maior do nosso clube: a raça
O Aurelião nos diz: raça – vontade firme, poderosa; grande determinação. Ter raça – ser forte, lutador, bravo, brioso.
Foi na base da luta e do futebol que nós passamos a ser conhecidos como “o time da raça”, e honramos o posto. Fundamentada na história, fixada no hino e emersa da camisa, a raça avaiana faz qualquer pinscher virar pitbull.
O quarto, o caldeirão: a Ressacada
Em 1983, foi inaugurada a Ressacada, o palco de todas as minhas memórias do Avaí. Onde eu o vi vencer campeonatos catarinenses, onde eu vi descer um helicóptero do qual saiu um leão em pleno gramado, onde eu vi jogar, Jacaré, Dão, César Silva, Evando, Leo Gago, Fábio Oliveira, Emerson... Ele é orgulho da nossa torcida, é lá que ninguém ganha do Leão.
Desde sua inauguração, o Avaí nunca perdeu nenhuma final de campeonato em casa, e em 2008, o Leão foi o único clube, entre os que disputavam os campeonatos brasileiros das séries A, B e C, que não perdeu um jogo sequer em casa.
É palco também dos milagres da nossa padroeira, a Nossa Senhora da Ressacada. Depois da campanha incrível feita na série B de 2008, e do gol de Evando contra o Corinthians no mesmo campeonato, ela apareceu pra nós, e desde então não nos abandonou. Ela opera milagres que até Deus duvida (vide o brasileirão deste ano).
Com os investimentos em infraestrutura e no gramado, a Ressacada se tornou o estádio mais moderno e cujo gramado é o melhor de Santa Catarina. Sendo assim, cada clube que passa por aqui tece elogios ao nosso caldeirão.
O quinto, aquele que nos motiva e dá forças: o nosso hino
Diz ele que a ordem é vitória, uma intimação àqueles que estão escalados com o nosso uniforme e, portanto, devem honrá-lo. O nosso hino, quando entoado pela Ressacada lotada, é capaz de emocionar mesmo quem não torce pro Avaí.
Criado em 1971, a letra é obra prima de Fernando Bastos, e a música, é a segunda obra prima de Luiz Henrique Rosa – só perde pro Rancho de Amor à Ilha.
LIXO
Submissão
O nosso maior defeito é, depois de tudo que conquistamos, continuarmos a nos portar como um time pequeno. Está enraizada na história do Avaí a irritante mania de se subordinar a quem quer que seja.
Aceitamos tudo de cabeça baixa, ficamos à mercê da vontade alheia, nos comportamos como dependente dos outros, enquanto são os outros que dependem de nós. Isso só nos faz dóceis, ingênuos, servos, rebaixados, o que beira à imbecilidade. Com isso somos prejudicados, perdemos jogadores, sofremos represálias, aceitamos desaforos, nos submetemos a decisões esdrúxulas de toda parte...
Para que os outros nos enxerguem como um time grande, para que sejamos reconhecidos e respeitados é preciso que nós nos portemos como tal. Enquanto todo mundo quiser mandar e o Avaí deixar, e só obedecer, o maior prejudicado será ele mesmo. Já passou a hora da nossa emancipação, temor que deixar de ser pau mandado e temos que começar a mandar. O dia que isso acontecer as coisas vão se tornar mais fáceis para o Avaí.
Fotos: DeCanhota e Google

2 comentários:

123 Campinas disse...

Belo texto filha. É por aí mesmo. As vezes estou perto do lixo, mas com toda certeza estou sempre com os 5 luxos.
Precisamos nesse próximo ano arrancar esta submissão da imprensa nacional, mas para isso não poderemos ser tão amadores como neste ano.
Beijos e estamos com saudades
Márcio Luiz Gil

Tata Bonetti disse...

Belissimo texto..
Parabens!!!

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